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terça-feira, 16 de abril de 2019

Pragmatismo

Pragmatismo

Matou-me os versos
O vil pragmatismo.
Maculou-me a pena.
Ingênua, minha arte
Se entregou aos
Quereres e anseios.
Devaneios sórdidos
De meus apetites.
E minhas palavras,
Rendidas, silenciaram,
Sem eu perceber.
Diziam, mas sem dizer.
Eram só som e imagem.
Literalidade esvaziada,
De metáforas e vida.
Frases dispersas,
Arremedos de estrofe.
Foi quando morri
Enquanto fingidor.
Tornei-me um qualquer,
Padecendo apenas
De dores próprias.
Sem saber sentir.
Sem-sibilidade.

r.h.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Navegante

Navegante

Lancei-me ao mar
Das vicissitudes.
Mergulhei, amiúde,
Em doces devaneios,
Na volúvel volúpia
De meus anseios.
Insaciáveis. Insólitos.
Naveguei a nado,
Guiado pelo querer,
Enquanto o tempo
Caminhava sobre
As águas solitárias.
Após muito marear,
Por fim, me acostumei.
A acostar no prazer.
Aportar em (a)braços
(Des)conhecidos.
A sorrir nas partidas,
Oceanos cruzar
Sem pretensões de
Ancorar.

Insular. 
Assim, me descobri.
Meus tesouros
Ocultos da superfície.
Invisíveis a
Olhares apressados,
Sob minhas areias
Guardados.
Sem mapas, porém
Entregues, pois,
Ao acaso, e a quem
Ele digno julgar.
Sempre sem pressa.
Sigo a navegar.
Rumo aos sonhos
E ao desconhecido.
A veredas onde o sol,
Só, se esconde.
O horizonte é só
Uma linha, afinal.
Sobre a qual,
Escreverei meu nome.

r.h.