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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Dádiva

Teu olhar, dádiva inesperada,
Em minha direção, foi devaneio
Realizado, desvairado anseio,
Trazia comigo, por tua mirada.

Então sorriste, me encantei
Em demasia, fiquei nervoso,
Contudo, embora temeroso,
O teu olhar airoso, abracei.

Covardes palavras, fugiram
Quando te aproximastes.
Então me cumprimentastes,
Enrubesci, teus olhos viram.

Meu nome, eu tentei dizer
 Mas, surpreso, de ti ganhei
Um beijo, jamais esquecerei,
 Nem se a memória se perder.

Unidos foram, nossos destinos,
Por toda esta vida, e mais além.
Pois a força que nos mantém,
Provém dos Amores divinos.

Os anos, que muitos já são,
Do próprio poder duvidam,
Uns indagam, outros afirmam,
Será eterna a nossa união.

Robson Heleno                                   




Fonte Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuwH2yU1M6RSKEPEK8jspXFInE2QqHK_NaUmpSMHU1eKAd6BfZgbwxePKsSek3pcBwrpT7dL8Uf5_j4HlnZW4bEAFjCISivPaT8RFShegE68hMR-cfL-0xxljWfrhWVKJNREySnSAY6g4/s1600/MaosDadas.jpg


sábado, 21 de janeiro de 2012

Por amor

     A cada golpe desferido, um gemido abafado. A cada açoite, lágrimas se precipitam ao chão. Ela chora, mas resiste. "Isso dói bem mais em mim que em você", é o clichê canalha que meus lábios sussurram, para mim mesmo. Mas, é necessário. Na posição em que está, prostrada ao chão, de costas para mim, ela não pode esboçar qualquer reação de defesa. Não o faria mesmo se pudesse. Por mais que eu tente controlar a força aplicada a cada golpe, eles sempre a machucam com violência. Mãos e joelhos, trêmulos, apoiados no chão. Fragilidade e submissão. Pode parecer loucura, mas bato por amor. Sim, eu a amo mais que a mim mesmo, e é isso que me impele a fustigar-lhe a carne uma vez mais.
     Sádico? Digo que não. Não há em mim qualquer prazer em açoitá-la. Não espero que você acredite em mim. Em verdade, quem mais sofre sou eu, sempre que tenho de fazer isso. No entanto, dentre tantas anteriores, não recordo de nenhuma vez em que as coisas se estivessem tão... intensas. A pele alva e límpida que outrora confortou-me os olhos, agora é maculada pelas marcas de um rubro forte, arroxeadas em alguns pontos, deixadas pelos golpes desferidos. Nada muito sofisticado. Um cinto de couro é o instrumento utilizado. Presente dela, no meu último aniversário. Irônico, não? Mas, e se eu disser que, ao me dar tal presente, ela sabia que ele cedo ou tarde seria usado para essa finalidade? Hoje foi o dia enfim pude experimentá-lo. Já o havia usado antes. Para amaciar. Mas não da forma como agora o faço. Surpreso estou, ao ver os efeitos do atrito entre o couro e a pele.
     Hesito por um segundo. Como que aproveitando o silêncio, ela geme mais alto. Obriga-me a ligar o som. É preciso poupar a vizinhança, afinal. Preservar a intimidade do lar. "Um dia eu ainda instalo um isolamento acústico nesse quarto", penso comigo. Meu olhar busca o relógio por um instante. A cena ora descrita já se desenrola por quase meia hora. Uma gota de suor me escorre pela testa. A respiração pesada denota o cansaço que já paira sobre mim. Apesar disso, parar não é uma opção. Não agora. Ainda é cedo. Não foi o suficiente. Ela volta a cabeça para o lado e me lança um olhar furtivo, pelo canto do olho. Meu cansaço é notório, ela percebe. Pára de gemer, então. Ameaça se levantar, me desafiando. Volto a bater com força até ouvi-la gritar novamente. De fato, ainda não é o momento de parar.
     Um minuto. É o tempo necessário para que a intensidade dos golpes seja excessiva para aquela pele macia, que se rompe em um corte. O sangue escorre por suas costas até atingir o chão, já umedecido pelas lágrimas e o suor. Involuntariamente, me contenho. É a primeira vez que a machuco dessa forma. “Não pare! Com mais força!”, ela grita em frenesi, forçando-me a continuar. Mais alguns golpes, e outros cortes se abrem. O sangue respinga pelas paredes e pelo chão. O couro umedecido corta o ar assoviando, para pousar sobre a pele, lacerando-a sem temor. Já não consigo olhar para ela. Volto-me a um espelho posicionado à nossa frente e a expressão de prazer no rosto dela refletida é indescritível. Ela geme, se contorce, suspira, delira a cada açoite.
     A respiração exaltada me indica que devo prosseguir. Seu corpo treme, e a esta altura o chão e as paredes já se vêem marchetados em gotas de sangue. O fim se aproxima, não há como seguir por muito mais tempo. Um último gemido entrecortado é o desfecho. Ela cai ao chão, debruçada. Permanece imóvel, enquanto o ar torna-lhe ao seio. Mantenho-me inerte, a contemplar o resultado de minha ação. Os cortes em suas costas não são uma visão agradável. “Isso é loucura.”, suspiro com pesar. Vagarosamente e com dificuldade, ela levanta do chão. Traz um sorriso de satisfação no rosto. Vem até mim e me abraça. “Obrigado meu amor, só você sabe como me dar prazer. Façamos agora como você gosta.”, sussurra em meu ouvido. Em seguida beija-me os lábios atônitos. Como pode, vai tirando minha roupa, enquanto solta aqui e ali um grunhido pelos cortes ainda abertos. Leva-me até a cama, a arena do convencional, como costuma dizer. Acabo por me render. Sei que jamais me acostumarei a isso. "Não é normal", deves estar pensando. Mas, não existe o "normal", nos gestos feitos por amor.



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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Dolente

Agarrei-me a esperanças decadentes,
Tentando em vão calar meu desespero.
Vi os meus pobres sonhos tão doentes
E as saudades a tomar-me por inteiro.

Quando o tempo tomou-a em seus braços,
Colhi os sorrisos que ficaram pelo caminho.
Meu coração já se desfazia em pedaços,
Palpitando sem vida, chorava sozinho.

Embora hoje tenha este olhar dolente,
Sei que hei de superar tão aviltante fado.
Lograrei do Amor, o mais nobre ente,
A dádiva de ser novamente amado.

E quando o sorriso retornar-me à face
E meu coração enfim palpitar com vigor,
Deixarei que meu destino se entrelace
Ao de quem queira devotar-se ao amor.






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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Talento

     De longe, a lua podia ver aquela cena. Na verdade, era dela a pouca luz que invadia o lugar. Folhas de papel espalhadas pelo chão, todas escritas, mas algo as diferia: algumas estavam limpas, outras se embebiam no sangue quente que escorria lentamente do pescoço de Juan. Este, já não esboçava qualquer reação, contemplava o vazio, esperando até que o brilho de seu olhar se disssipasse. A alguns metros, a fumaça do cigarro denotava a presença de mais alguém. Era Inácio. Com um sorriso de satisfação, ele observava a tudo enquanto apreciava a morte que lentamente tomava Juan em seus braços. Aquele era o desfecho esperado para a noite, Inácio parecia contente. Estava livre da agonia que o consumira durante todo o dia. A marca do tiro no pescoço de Juan, associada à arma nas mãos de Inácio são evidencias claras de que havia sido um assassinato. Entretanto, antes de tomar qualquer partido, voltemos algumas horas no tempo, para entender melhor os fatos.
     Eram seis da manhã, a cidade começava a despertar. Inácio não estava acordando, sequer havia dormido, aliás, há três dias não dormia. Precisava concluir a obra de sua vida, ou pelo menos a que devia ser. Inácio estava completando cinqüenta anos naquele dia. Segundo dizem, chegava ao limiar da vida de um homem, o momento em que é preciso desacelerar e colher os frutos de todo o trabalho da juventude. Infelizmente, as coisas não eram assim para Inácio. Embora em tempos não muito distantes, tivesse sido rico, naquele momento seu patrimônio se resumia a uma máquina de escrever e uma cabeça cheia de idéias “brilhantes”. Nem mesmo a casa onde estava instalado lhe pertencia, aliás, era seu último dia como proprietário, no dia seguinte a propriedade iria a leilão. Mas, Inácio via todas as adversidades como um incentivo para seguir produzindo. Era a trama perfeita, a obra de uma vida, ele pensava a cada página que terminava.
     Às sete horas, um intervalo. Uma pausa para um café e reflexões. Por um breve instante Inácio relembrou tempos de outrora, viu-se feliz, junto à esposa, que agora era ex. Recordou os dias de verão na casa de praia, que teve que vender para bancar seu primeiro livro. Junto a esta lembrança veio a imagem de Juan. Eis que ira ganhou seu lugar em meio às doces lembranças. Sim, Inácio recordou o dia em que Juan veio até ele: Inácio publicara um conto de sua autoria em uma revista regional, atraiu elogios, e também a atenção de Juan. Dono de uma editora em decadência, Juan lhe propôs uma parceria, era o momento perfeito para Inácio investir na carreira de escritor. Contudo, como a editora não dispunha de recursos, a primeira obra deveria sair inteiramente por conta do autor. Inácio mostrou alguns contos que havia escrito no decorrer de sua vida. “Tens o talento natural. Uma coletânia de contos. Será um sucesso, faremos dez mil volumes para a primeira edição. Em poucos meses terás dobrado o teu investimento. Conquistarás fama e, quiçá, uma cadeira na ABL.” Disse Juan empolgado. Inácio deixou-se persuadir como uma criança que se ilude com qualquer promessa.
     Eis que o primeiro livro de Inácio foi lançado. A priori, atraiu a atenção do público, mas logo veio a crítica e, com seus comentários negativos acerca da obra, pôs fim ao pretendido sucesso. Inácio entristeceu-se com o prejuízo, mas ainda mais com o fracasso. Porque não reconheciam seu talento para a escrita? Mas Juan tratou logo de explicar que o mercado literário é traiçoeiro, mas que isso não era um fator determinante. Disse a Inácio que um livro de contos não atraía a atenção devida. O sucesso estava nos romances. “Não há tempo para escrever um romance, tenho meu trabalho”, argumentava Inácio. Entretanto, Juan persistia: “Peça férias, é tempo suficiente para se dedicar a uma obra. Sei que tens uma boa idéia. Não desista do seu talento”. A insistência foi tamanha, que Inácio acabou cedendo. Entregou-se durante trinta dias à produção do dito romance. Mas, qualquer um deve saber que não se escreve uma boa obra em tão pouco tempo. As férias acabaram, mas Inácio permaneceu em casa escrevendo. Estava obcecado, tanto que ignorava a possibilidade de perder o emprego.
     Um mês se passou sem que Inácio fosse trabalhar. Quando procurado, ele apenas respondeu: “Estou trabalhando!”. E foi assim que perdeu o emprego. Junto com este a esposa também. Cansada de ver seu marido se perder encorajado diariamente por Juan, Cecília disse adeus. Embora o amasse, ela podia ver o fim daquela história. Não queria fazer parte daquilo. Inácio notou sua ausência por uns dias, mas a escrita já o dominava. Já não vivia no mundo real, mas sim naquele que criava a cada parágrafo escrito. Juan “cuidava” de suas finanças para que ele pudesse se dedicar inteiramente à produção. E foi assim que o patrimônio de Inácio foi sendo dilapidado aos poucos. Após seis meses a obra estava pronta. Um romance futurista, uma idéia fadada ao fracasso. Contudo, aos olhos de Juan se tornaria um clássico da literatura pós-moderna.
     Inácio enfim despertava para o mundo novamente. Foi quando se deu conta de que seu romance lhe custara não apenas o seu tempo, mas também sua esposa e seu dinheiro. Restava-lhe apenas a casa em que vivia, herdada de seu pai. “Sacrifícios necessários”, dizia Juan. E usou deste mesmo argumento quando disse a Inácio que precisaria penhorar a casa se quisesse publicar seu romance. Inácio recusou-se a princípio, afinal, a editora de Juan já gozava de certa estabilidade e poderia arcar com os custos. Mas, Juan utilizou-se uma vez mais de sua retórica charlatanesca e acabou por convencer o tolo Inácio. “O sucesso quer aqueles que estão dispostos a arriscar. Este é o momento, aposte suas fichas!”, dizia Juan com um sorriso no rosto.
     E Inácio arriscou. Arriscou e perdeu feio. Seu romance conseguiu um fracasso maior que a obra anterior. A crítica o chamava de louco insistente. As livrarias rejeitavam a obra, pois sabiam que era um prejuízo certo. Inácio não entendia de onde vinha tamanho azar. A escrita era o seu maior talento, seu dom, Juan lhe convencera disso. Juan, o homem que veio até ele anos atrás, falido, o incentivara a enveredar por aquele caminho. Ironicamente, Juan agora prosperava, e quem decretava falência agora era Inácio. Diante da crise, as coisas começaram a se esclarecer na mente de Inácio. Mas, tudo já havia se perdido, não havia nada que pudesse ser feito. Desesperado, ele procurou Juan, sabia que, se estava naquela situação, era por culpa deste. Contudo, tinha um plano em mente.
     Foi após muita insistência que Juan resolveu atendê-lo. O tom bajulador havia sumido, restara um olhar arrogante e palavras de deboche. “Tenho um novo romance. Este será um sucesso, preciso apenas de uma chance”, disse Inácio. Juan sorriu. “Estás falido, como pretendes publicá-lo se não tens dinheiro?”, indagou-lhe. “Tenho uma propriedade. Estava no nome de um primo. Pretendo usá-la agora. É preciso arriscar até a última ficha, lembra?”. Juan pareceu interessado. “Pois bem, imagino que precisarás de tempo e dinheiro. Aqui está o dinheiro. Tens um mês para produzir o romance, nada além”. Antes de ir, Inácio assinou uma promissória, onde se comprometia a ceder sua última propriedade caso a obra não estivesse pronta na data marcada. Inácio assinaria qualquer coisa, afinal, a casa em questão não existia. Estava falido, o que mais tinha a perder?    
     O mês se passou depressa e Inácio entregou-se completamente à escrita. Juan o visitava diariamente para saber do andamento. Era uma espécie de pressão psicológica, mas também para certificar-se de que não ficaria pronto a tempo. Contudo, Inácio sempre desconversava e não revelava sequer o tema da obra.
     Eis que o último dia do prazo chegou. Inácio já escrevia por dias a fio. Madrugara em frente a maquina de escrever, quando parou para tomar um café e se perdeu em lembranças. Mas a lembrança de Juan lhe trouxe à mente a motivação para escrever, e ele prosseguiu. Já era noite quando parou. Aguardaria a chegada de Juan. Olhou uma vez mais para a notificação de que sua propriedade seria leiloada. Apanhou o retrato da ex-esposa. Tanto havia se perdido em tão pouco tempo. Mas hoje a história veria seu fim glorioso.
     Um carro parou a porta. Era Juan. Trazia no rosto um sorriso confiante. “Onde está, quero ver?”, perguntou. Inácio apontou para uma pilha de papel sobre a mesa. “Ali. Mas antes, vamos conversar um pouco”, disse a Juan. Este não parecia muito disposto a conversas, foi à mesa e apanhou as folhas de papel. Começou a ler um breve resumo do romance:
     “Esta obra narra a história de um homem que tinha uma vida boa, mas não percebia. Gozava de certa estabilidade e riqueza, tinha o amor de uma mulher. Mas amava ainda mais a escrita. E foi esta sua maior fraqueza. Sim, ele viveu feliz até o dia em que um ser maligno de palavras fáceis o convenceu a viver esse amor além dos limites possíveis. Tentou-lhe o quanto pode, até que este fosse despojado de tudo aquilo que tinha.
     Entretanto, certo dia este homem despertou de seu triste devaneio. Viu-se sozinho, tendo consigo apenas uma idéia. Eis que ele agarrou-se a esta idéia e...”
     Juan parou de ler. Encarou Inácio por alguns instantes.
     - “É uma comédia autobiográfica?”, indagou com sarcasmo.
     -“Não. Essa história não tem nada de cômico. Mas, confesso que a todo o momento busquei elementos reais para enriquecer minha estória. Leia a última página.” – Respondeu Inácio.
     Juan avançou até a última página. Leu-a em silêncio. Olhou espantado para Inácio. O que estava escrito na página era a descrição perfeita da cena que se desenrolava. O ambiente descrito era o mesmo, os personagens estavam sentados exatamente como Juan e Inácio estavam. Até mesmo os diálogos se aproximavam. Juan parecia assustado com tudo aquilo. Virou a página, mas não havia um desfecho escrito.
     -“Onde está o final?” – Perguntou nervoso.
     -“Escreverei agora.” – Falou Inácio. Em seguida apontou uma arma e puxou o gatilho.
     O tiro foi certeiro. As folhas de papel se espalharam pelo chão. Juan foi caindo vagarosamente enquanto o sangue jorrava do orifício em seu pescoço. Ele diria algo, mas era impossível. Inácio apanhou um cigarro e ficou admirando enquanto a vida de Juan se perdia. Aquele era o desfecho perfeito para a sua história. Quando Juan já não esboçava qualquer sinal vital, Inácio foi até sua velha máquina de escrever. Sentou-se inspirado e com calma redigiu detalhadamente o que havia acontecido na última hora. A obra enfim estava pronta. Esta era, na verdade, um retrato de sua própria vida. Enfim ele tinha certeza de que escrevera uma história de verdade. Lamentava não poder estar presente na publicação nem colher os louros da fama.  Em seguida, apanhou a arma usada para matar Juan e pôs um fim a própria vida. Não havia qualquer razão para prosseguir, não iria para a cadeia. Isso tiraria a glória do autor e poderia impedir o sucesso de sua obra. Seu desfecho deveria seguir o que estava escrito. Só assim todos enfim reconheceriam seu talento.



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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Calouros

     Post dedicado a todos os Calouros de 2012 da UFPA, em especial aos amigos Higo Nakagima, Emanoeli Feitosa, Vitor Baima, Camila Miranda, Wylliams dos Anjos, Adriele Barros e aos muitos outros amigos vitoriosos. Assim como, àqueles que um dia foram calouros e, assim como eu, se emocionaram com ao ver a alegria dos novos vitoriosos.


     Calouros

     Há mais ou menos um ano, vivenciei um dos melhores dias da minha vida: aquele em que passei na UFPA. O tempo passou, algumas coisas mudaram no decorrer desse ano, e com tantas novidades, acabei por esquecer a sensação daquele dia de janeiro onde o sonho se fez real. Na verdade, esquecer não é a palavra exata, afinal, hoje descobri que existem momentos que simplesmente possuem o poder de se eternizar em nossas vidas. Existem sensações que não se perdem, apenas ficam guardadas em um lugar especial de nossos corações, esperando para vir à tona no momento exato, hoje descobri isso.
     Embora a divulgação do resultado de uma universidade cause um frenesi em muitos, esperava que este fosse um dia normal. Entretanto surpreendi-me a me ver com o ouvido colado ao rádio escutando com atenção, aguardando sair o nome de algum amigo, conhecido. Confesso que senti por alguns instantes a aflição de um ano atrás. Assim como senti também a euforia ao ouvir o locutor dizer o nome que eu esperava ouvir. Porém, tive também a sensação desagradável, conhecida de anos anteriores, de esperar por um nome que não foi dito. Enfim, percebi que poderia sentir novamente o que pensei ter se perdido em mim.
     Aos poucos, vi passarem por mim aqueles, que assim como eu o fiz um dia, sorriam orgulhosos pela vitória alcançada. Traziam no olhar o brilho de um dia pude ver no meu, o brilho característico da felicidade de ter conseguido alcançar uma conquista que, para alguns, parece tão distante que chega a ser tida como impossível. Eufóricos ou contidos, todos estavam felizes, comemoravam ao seu modo. Cursos diferentes, histórias de vida distintas, um mar de sonhadores que tinha em comum a realização de seus sonhos.  
     Diante disso, era impossível não me emocionar, as lembranças de um ano atrás ganharam vida novamente. Mas, era o dia deles, dos vitoriosos de hoje, a mim só restou a doce nostalgia e a euforia de vê-los vencer e me sentir feliz por eles, junto a eles. Apesar disso, hoje tive a certeza que, por mais que o tempo passe, jamais deixarei de sentir o que senti hoje. Pois sempre que eu ver os calouros comemorando, lembrarei que um dia já o fui também, e que também comemorei o sabor da vitória.
    Por isso, gostaria de parabenizar a todos aqueles que hoje tiveram o prazer de soltar o grito que permaneceu preso na garganta, que viram todo o seu esforço ser recompensado, que perseveraram e conquistaram a vitória. Parabéns Calouros de 2012! Este foi apenas o primeiro grande passo de uma caminhada cujos rumos vocês definirão. Tenham a humildade e a sabedoria por companheiras e tudo dará certo. Bem vindos a este novo mundo cujas possibilidades infinitas são limitadas apenas por suas escolhas. Bem vindos à UFPA! \o/

     Àqueles que, infelizmente, não alcançaram a vitória desta vez, peço que não desistam. Lutem por seu sonho, a vitória jamais é tardia. Persistam com vontade que ela há de chegar, e quando vier, terá um sabor a mais, acreditem.